segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Olha a chuva

Olha a chuva, olha a chuva
Olha o sol
Olha o dia a lançar serpentinas
Serpentinas pelo céu, sete fitas coloridas
Sete vias
Sete vidas, avenidas, prá qualquer lugar
(Chico Buarque)

Fica assim, um tempão sem chover. Um tempão assim. Coisa enlouquecedora, atentado à vida.

Mas quando começa a chover, também não para, não para mesmo, de jeito nenhum. E eu não sei o que é mais enlouquecedor, mas com chuva é um enlouquecedor bom demais. Eu me transformo em gota, sem saber muito bem onde vou cair, onde devo cair, quando vou cair, se quero cair, e o que acontecerá comigo no momento em que eu cair. E essas questões vêm, sim, e me deixam pirada, pensativa, reflexiva assim, desse jeito. Mas respondê-las não me importa, ou melhor, eu até tento, mas a resposta é como se nem interessasse, contanto que eu possa continuar assim, sendo gota.

E todas as coisas do mundo começam a aconter meio que ao mesmo tempo, boas e ruins, mas aquela sensaçãozinha que fica é sempre boa. Provas, lições, trabalhos, responsabilidades, imprevistos, falta de tempo, doenças, doenças, doenças...

Nada importa. Eu estou lá, na chuva, ao vento, uma gotinha no céu. Sem nem saber que raios seria um deserto.