Mais de um ano havia se passado desde a situação embaraçosa que Marcela e Fabiana tiveram com o diretor brasileiro no café. Também mais de um ano havia passado desde que Fabiana resolvera sempre dar uma olhada no cardápio, mesmo que, afinal de contas, o pedido sempre fosse:
- Um expresso puro, por favor.
A menina mantinha a esperança de que o cineasta deixasse algum aviso sobre seu novo filme entre o preço de um capuccino e o de um chá quente.
- E aí? Alguma mudança no cardápio dessa vez? Quem sabe um café com licor de frutas vermelhas, marshmallow e castanhas?
- Quê?
- Poxa, faz uns dois anos que a gente vem aqui. Você sempre pede a mesma coisa. Mas toda vez fica olhando o cardápio e TODA vez fica com essa carinha emburrada.
- Não fico nada.
- Fica sim. Se você quer alguma coisa especial, pede pro garçom, talvez tenha. Ou a gente pode começar a ir em outro café, tem um legal
- NÃO! Não, eu gosto daqui.
- Ta bom...
- É que... Ai, ta bom. Você vai me achar uma idiota, mas ok. Lembra do Cristhian?
- Cristhian?
- É, o diretor daquele filme que a gente encontrou faz mó tempo...
- Ah, sei. Aquele babaca.
- É, então. Ele disse que ia fazer outro filme, e que deixava um aviso no cardápio. Por isso, eu sempre procuro um aviso, mas nunca tem nada!
- E por que você estaria interessada no novo filme dele?
- Não sei. Nem é no filme que eu to interessada.
- Hum...
- Não é isso! É que se ele falou que ia deixar anotado no cardápio, por que não deixou? É ridículo isso! É como pedir o telefone e depois não ligar! Não pede o telefone, então!
- Ah, sim, a mesma situação mesmo. É. Igualzinho. Mas bom, eu não tinha te falado porque não achei que você fosse se interessar tanto. O novo filme dele entrou em cartaz semana passada. Chama... Como saber que ela é o grande amor. Criativo ele, não? O de antes era Como saber que ele... Agora é ela. A gente pode ir semana que vem.
- Ah, também, não é que eu faça questão de ir no filme, só fiquei brava por causa da história do cardápio.
- Fabi. Nós vamos. Aposto que por você a gente iria agora.
- Quer?
- Não, amiga. Semana que vem.
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