- Alô
- Oi, sou eu
- Oi!! Você não vem?
- Já cheguei, to aqui embaixo.
- Então sobe.
- Preciso estacionar o carro. Não tem vaga.
- Como não. Na rua, não tem?
- Não. Ta lotado. Provavelmente com o carro de amigos seus. Quantas pessoas você chamou?
- Umas trinta.
- E todas tinham que vir de carro?
- Você ta dirigindo com o celular?
- Não, to parado num lugar proibido com o pisca. Cansei de ficar dirigindo em círculos. Mas e aí?
- E aí o quê?
- E aí onde eu deixo meu carro, oras.
- Tenta estacionar em outro lugar.
- Não tem. Já rodei uns cinco quarteirões por aqui. Não tem nenhum lugar. Nenhum.
- E o que você quer que eu faça?
- Sei lá. Você me convidou. Acha uma vaga pra mim.
- Você quer que eu crie uma vaga? Quer que eu mande algum amigo embora pra você pegar a vaga dele? Não tem o que fazer. Eu sinto muito, mesmo, mas acho que você vai ter que deixar seu carro longe.
- É perigoso.
- Deixa no shopping, que é aqui perto. Aí você pega um táxi.
- To duro. Não dá pra pagar táxi.
- Ai... Eu pago pra você.
- Não posso aceitar.
- Olha, eu vou voltar pra minha festa. Se quiser vir vem, se não quiser não vem. Eu te falei desde o começo que você não precisava vir se não quisesse.
- Você não pode me buscar no shopping?
- E deixar meus convidados sozinhos?
- Ué? Você não confia nos seus próprios amigos?
- Claro que confio.
- Então.
- Então que prefiro gastar 7 reais no seu táxi do que ir até o shopping só pra te buscar.
- Nossa.
- Que foi?
- Eu não faria isso com você.
- É, pois é, somos diferentes. Talvez foi por isso mesmo que terminamos, se não me engano.
- Talvez ainda estaríamos juntos se você...
- Se eu?... Alo? Se eu o que? Ooooi! Ficou mudo agora?
- Alo?
- E aí, não vai responder?
- Desculpa, é que livrou uma das vagas aqui e eu fui estacionar. Já to subindo. O que estávamos falando mesmo?
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