Apesar do calor de 30ºC, a piscina do prédio estava vazia pela manhã daquele sábado.
Sara aproveitou que já havia adiantado todo o dever de casa da segunda-feira – duas páginas de exercícios de enormes equações –, e foi para a piscina. Não sem antes convidar seu irmão mais novo.
- Biel, vamos na piscina comigo! Vem, agora!
Colocou a sunga no irmão de 4 anos, pôs biquíni, pegou bola, bóia e toalha, e desceu.
Biel queria brincar com a bola. Sara colocou nele as bóias de braço, já que as pequeninas pernas ainda não alcançavam o chão. A menina preferia tomar um pouco de sol ouvindo música, mas, como ela é quem tinha arrastado o irmão para o térreo, concordou em brincar um pouco.
Quinze minutos passados, rendeu-se:
- Biel, chega de bola. A Sara vai tomar um pouco de sol. Você pode brincar com a bola aqui fora se quiser, ta bom?
Enquanto tirava as bóias dos braços de Biel, pensou que talvez seria melhor deixá-las, caso o menino caísse na água. Mas lhe ocorreu: “Se ele cair, eu corro para socorrê-lo. Aí vou ser uma menina de 10 anos que já salvou uma vida. Legal isso. Vou ter salvado a vida do meu próprio irmão...”
E foi ouvindo música, sonhando na sensação de salvar uma vida. De aparecer em um programa de televisão... Até que a bola caiu na água.
Biel se aproximou da piscina para resgatá-la. Sara ficou de espreita, só observando a cena. Biel não alcançava a bola, Sara não dizia nada. Biel caiu na água.
Em menos de um segundo, Sara mergulhou na água para resgatar o irmão, que se encontrava a um centímetro da margem. Trouxe-o para cima e falou, como mãe:
- Você tem que tomar mais cuidado! Se eu não tivesse por perto, você poderia ter morrido.
Biel ouviu, e voltou a brincar com a bola.
Não houve programa de televisão nem nenhum reconhecimento, a não ser o da própria menina, que para sempre se sentiu feliz e orgulhosa por ter salvado a vida do irmão.
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