sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Doce Fonte

Foi às 9 horas do horário de verão que o caminhão de açúcar tombou na marginal.

Todo o carregamento vazou, e o asfalto cinza foi coberto por minúsculas partículas de açúcar refinado.

Mais ou menos ao meio dia, quando o sol usa toda a sua energia como se não houvesse amanhã, a massa criada pelas 40 doces toneladas ganhou vida e começou a se multiplicar magicamente. De 15 em 15 minutos, mais cinco quilômetros de avenida eram encobertos.

Não tardou para que a polícia isolasse o local, que aumentava em progressão geométrica. Os carros que trafegavam tiveram que parar onde estavam. Felizmente, nem motoristas nem passageiros pareciam estressados ou nervosos. Alguns deixaram lá o carro e tomaram um ônibus para o trabalho e, outros, ficaram por ali mesmo vendo o que iria acontecer.

Não houve acidentes, com exceção dos dois primeiros carros que vinham logo depois do caminhão e mergulharam diretamente no açúcar. Os motoristas dos automóveis – que vinha sem passageiros – não tiveram ferimentos. E a amargura de terem perdido o carro definitivamente desapareceu milésimos de segundos após o acidente.

A situação foi controlada rapidamente. Por sorte, todas as autoridades que ali chegaram estavam de bom-humor. Dialogavam com calma e simpatia para saber quais seriam os procedimentos corretos em tal situação. Não se tratava de como remover o açúcar, mas sim de o que fazer com ele. Afinal, nem todos os grãos haviam entrado em contato com o asfalto sujo e, se eles eram capazes de se multiplicar, talvez todo o abastecimento açucareiro do país pudesse vir de lá.

Nunca mais ninguém teria que pagar por açúcar. Bastaria que cada um se dirigisse à estrada e pegasse o seu.

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