quarta-feira, 2 de julho de 2008

Entrando na rotina

Também, não é que Karina tenha virado a Gata Borralheira. Nem que tenha se tornado odiada pela família que tão bem a recebera.

Aos poucos, o assunto de ela não gostar de estudar foi sendo esquecido. Era sinceramente bem quista por todos. Almoçava com todos, assistia à televisão com todos. Isto é: só quando mostrava a Ângela que havia terminado o dever.

Estava feliz.

Falava com os pais verdadeiros, pelo telefone, uma vez por mês. Poderia ser mais, mas a tia achou melhor assim, para facilitar o rompimento.

Não manteve contato com ninguém da velha escola. Mas não tinha saudades. Os colegas foram substituídos um a um por outros novos, correspondentes. Às vezes combinavam de, após o almoço, encontrarem-se do Parque do Ibirapuera para jogar bola. Meninos e meninas, juntos. O Parque era próximo à escola e, por isso, não havia problema em irem sozinhos, sem adultos.

Às mil maravilhas. Boa rotina. Até um passeio ao Hoppy Hari já estava programado para agosto, quando Karina faria 11 anos. Desenho animado. Danoninho. Espelhos. Chocolate À vontade. Amigos. Atenção e proteção.

A única dificuldade eram as tarefas da escola. Iam ficando mais e mais complicadas a cada semana. Fabiana a ajudava bastante, é verdade. Mas não tinha uma didática boa. No início de junho, quando a semana de provas estava para começar, Ângela achou melhor chamar um professor particular, só para garantir. Karina achou desnecessário, mas compareceu à aula – fisicamente, apenas.

O professor de nada se queixou. Se dissesse que era inútil forçar a menina a estudar, deixaria de receber 200 reais por apenas 4 horas de trabalho. Ficou quieto. Karina também. Chegou a semana de provas. As notas da pequena foram 5 ou 6 em todas as matérias. A mãe ficou satisfeita, Ângela recomendou o professor para todas as amigas que tinham filhos com problemas no colégio.

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