segunda-feira, 14 de julho de 2008

Outro amor

Marcaram uma noite em que Gustavo provaria a ela que seu chocolate quente com conhaque ultrapassava de longe aquele drink com licor de café que Ângela, enquanto bebia, dizia ser a melhor coisa do mundo.

Tiveram a noite. E muitas outras. Apenas como belíssimos amigos, que se amavam cada dia mais. Passaram a ser necessários um para o outro. Ângela queria beijá-lo como nunca quis beijar ninguém antes. Era como se ela finalmente entendesse porque amantes se beijavam – até então, para ela, o beijo só acontecia por uma convenção social: quando um e outro se gostavam, um e outro se beijavam. Simples assim.

Mas com Gustavo... Como ela queria beijá-lo! Precisava beijá-lo! Mas não, tinha marido, tinha filhos. Amava os filhos. Amava o marido. Amava? Talvez não amasse tanto assim quanto pensava. Sempre achara que o sentimento que tinha era de amor, mas não. O que sentia por Gustavo, isso sim, era amor. Só podia ser. Mais que amor.

- O que está pensando? – perguntou Gustavo enquanto dava para ela provar um pedaço de pão com fondue.

- Que é o melhor fondue que eu já comi.

- Antes disso, engraçadinha.

- Que eu te amo como nunca jamais amei ninguém. Que eu quero ser toda sua, e quero poder te chamar de meu. Que, apesar de esse ser o melhor fondue do mundo, o que eu mais queria era desmanchar toda essa linda mesa e me entregar para você. Aqui. Já. – pensou. E respondeu: - Que eu te amo.

- Eu também te amo – respondeu Gustavo com a maior naturalidade – Por isso não entendo porque você não deixa eu beijá-la. Quero tanto...

- Não entende? Eu sou casada!

- E daí? Descasa. É tão simples. Você já mal vê seu marido. Qual a diferença?

- Não posso. Eu não sou assim. Tenho filhos!

- Puxa, agora você tocou em um ponto importante – irônico – hoje em dia uma mulher com filhos que se separa pode até ir para prisão!

- Seu bobo.

Riram os dois. Deixaram o assunto pra lá. Comeram. Beberam. Passaram mais uma noite maravilhosa, sem que a intimidade física passasse de um abraço. Ângela sentia-se uma garota boba e sonhadora. Gustavo começava a pensar que sua amada jamais cederia, e que logo ele acabaria se rendendo, mais uma vez, às moças fúteis do clube que sempre se jogavam sobre ele. Por isso, ao se despedirem, disse:

- Não quero ser o destruidor de famílias. Mas te amo e sei que você me ama. Sei que te faço feliz. Sinto isso. Mas me sinto um idiota toda vez você vai embora, encontrar seu marido. Eu... Não sei mais o que te dizer. Pense no que eu te falei, ta bom? Não quero ser um idiota esperando uma mulher que nunca vai corresponder completamente.

- Você não é idiota.

- Então me beija.

- Não posso. Já expliquei.

Gustavo a beijou. Ângela sentiu seus joelhos afrouxando. Agarrou-se ao pescoço do amado. Pediu desculpas. Foi embora.

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