quarta-feira, 9 de julho de 2008

Uma vontade anormal de ser abraçada

Vamos sair de novo sim. Semana que vem. No mesmo horário.

Seis dias depois, à noite, Ângela mal conseguia dormir pensando no encontro. Ou melhor, no... café. Afinal, era só um café. Não era um encontro. Era um café com um amigo. Que bobagem. Apenas um café.

Sentiu vontade de comentar a história com o marido, mas teve medo de que ele se irritasse e proibisse o programa, que Ângela mal via a hora de acontecer, tão ansiosa estava. Ansiosa, aflita, feliz.

Dez minutos antes de a aula acabar, sentia a boca seca, o estômago vazio, um frio estranho, uma vontade anormal de ser abraçada.

- Está melhor hoje?

- Estou, mas sabe que coisa estranha? Sinto minha boca seca, o estômago vazio, um frio estranho, uma vontade anormal de ser abraçada.

Ângela disse assim de impulso. Assustou-se com sua súbita honestidade. Constrangeu-se.

Gustavo fazia isso com ela. Ele via através dela, que nada podia – e nem queria – esconder.

- Vamos ver então... Garçom, uma água, é..., dois pedaços de bolo...

- Bolo? Mas eu não...

- Não ta com um vazio no estômago?

- Não sei. Não é bem isso.

- Ih, mulheres! Só a água então.

- Sim, senhor.

- Agora, o frio a gente resolve também com um abraço.

E, dizendo isso, arrastou a cadeira para perto da de Ângela. Envolveu-a em seus braço por dois longos minutos.

- Melhor agora?

- Como não? Depois de um abraço desses... Estou ótima!

- O frio passou?

- Passou.

- E a fome?

- Hum...

Os dois riram.

- Doce ou salgado?

- Por que não doce e salgado?

- Vejo que alguém acordou mais disposta hoje. Adorei!

Conversaram. Riram. Comeram. Beberam. Ficaram alegrinhos. Se abraçaram mais. Falaram sobre bebidas. Sobre comidas que combinavam com bebidas. Sobre bebidas que combinavam com comidas. Marcaram uma noite em que Gustavo provaria a ela que seu chocolate quente com conhaque ultrapassava de longe aquele drink com licor de café que Ângela, enquanto bebia, dizia ser a melhor coisa do mundo.

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