Estava certa de que seria incapaz de trair o marido. Ainda mais porque nem haveria ocasião para encontrar-se com Gustavo novamente.
Mas a oportunidade não tardou a aparecer. Duas semanas depois, Gustavo foi buscar Dona Inês na aula. Ela tinha médico. Mas justo a Dona Lourdes, uma colega, morava exatamente na rua do médico.
- Ângela, vou de carona com a Dona Lourdes. Quando meu filho chegar diga isso a ele, que não é preciso se preocupar.
- Não é melhor ligar para ele?
- Não, porque se não ele vai dizer que não, que ele me leva, que não confia em mim...
- Está bem.
Gustavo chegou dois minutos depois que Dona Inês partia. Encontrou Ângela. Sorriu. Ela deu o recado. O sorriso desapareceu.
- Bom... Já to aqui... Toma um café comigo?
- É... Claro, por que não?
Foram tomar um café. Ângela não acreditava como era possível um homem tão bonito, filho tão dedicado, tão inteligente, tão simpático... Não ser casado. Queria tê-lo conhecido antes. Precisava de um amigo assim. Tão bom ouvinte. Era tão preocupado. Olhava nos olhos quando falava. E como falava. E a boca. Devia beijar tão bem, se ao menos pudesse se aproximar mais de seus lábios e. Não. Que é isso, Ângela. Comporte-se. Você é uma mulher casada, tem filhos...
- Está tudo bem? Você ficou pálida de repente.
Ah, e como ele repara nas emoções de uma mulher.
- Está. Só acho melhor eu ir embora.
- Bom, você que sabe. Mas aí você vai ter que aceitar tomar outro café comigo, porque não aceito programas terminados na metade.
- É que... Eu sou casada, e meu marido...
- Seu marido não deixa você tomar café com um amigo? Ah, duvido! Vamos sair de novo sim. Semana que vem. No mesmo horário.
- Está bem.
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