segunda-feira, 23 de junho de 2008

Café-da-manhã paulistano

“Só podia ser um sonho”, pensava Karina enquanto ajudava a tia-mãe a colocar a mesa. Toddynho, queijo, presunto, pão, iogurte, requeijão, DANONINHO!!!

- Posso pegar um?

- Claro. Pode pegar o que quiser. Só tem que me avisar se for o último porque aí compro mais.

- Mas você tem dinheiro pra isso?

- Quem me dera... É com o dinheiro da Dona Ângela, minha patroa. É uma moça muito boa, você vai gostar dela. Ela tem dois filhos, a Luciana e o Pedro. São mais velhos do que você. A Luciana tem 14 e o Pedro tem 16. Tem também o Seu Rodrigo, mas ele quase nunca ta aqui. Mal toma o café da manhã direito e volta bem tarde, quando a gente já foi dormir.

- Com tudo isso ele toma o café rápido?

- É. Na verdade nem um deles come muito no café, só a Dona Ângela.

Não havia dado nem 5 minutos desde que a mesa estava posta quando entrou o Seu Rodrigo.

- Olha, Seu Rodrigo, essa é minha sobrinha, a Karina, que eu falei pro senhor.

Seu Rodrigo deu uma olhada sonolento. Disse “Oi como vai”, engoliu o café e foi embora. Bastou isso para que Karina o temesse pelo resto de sua vida.

Os minutos foram passando, cada um foi acordando, tomando café, sendo apresentado à Karina... Ângela foi a mais simpática. Recepcionou a menina com um abraço e um beijo. Disse que.., como é que era... “qualquer coisa é só pedir”. Os filhos foram legais também, mas quase não falaram nada. A tia disse que é porque eles estavam com pressa e com sono.

- O que é pressa?

- Pressa... é... apressado. Quando a pessoa ta atrasada... sabe? – Karina continuou com o olhar interrogativo – Assim, quando faz tudo correndo.

- Como em uma competição de quem vai mais rápido?

A tia desistiu:

- É, mais ou menos isso. Uma competição. Só que em São Paulo todo mundo está sempre assim.

- Competindo o tempo todo?

- É... não... Ah, menina, deixa de bobagens. Vem me ajudar com a louça, que hoje temos muito o que fazer.

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