quinta-feira, 5 de junho de 2008

Chegando em São Paulo

Karina causara tanta inveja a seus amigos, que pensou ser impossível não gostar da cidade grande. Chegou à rodoviária às 5 da manhã de uma segunda-feira. Estava em êxtase e, ao mesmo tempo, assustada com o tamanho do lugar e a quantidade de gente.

O barulho então... Infernal. Mas não para Karina. Para ela, a partir daquele singular momento ela seria a protagonista de uma novela. E não qualquer novela, mas uma das 8, que é mais divertida e não tem tanto drama.

Sua tia segurou forte em sua mão e foi puxando-a para fora, até o ponto de ônibus.

- Vamos para sua casa?

- A tia tem duas casas, na verdade, menina. Uma de segunda a sexta e uma no fim-de-semana.

- Duas casas? – perguntou a menina, mais do que admirada – Se eu tivesse dinheiro para ter duas casas, compraria um castelo.

Por um instante a tia não compreendeu o que a sobrinha dizia. Mas logo soltou uma gargalhada e disse:

- Não, Karina. Eu moro em duas casas. Uma, a melhor, é a casa onde eu trabalho, que eu te disse na Bahia. A outra que é minha mesmo, quer dizer, alugada. É pra lá que eu vou nos finais de semana que eu não vou visitar vocês. Hoje é segunda, então já vamos direto para a casa grande.

- Mas não é em São Paulo as duas?

- É.

- Então porque você não volta todo o dia para sua casa? Prefere dormir na casa dos outros todo dia?

- É que é muito longe uma da outra.

- Mas se é na mesma cidade!

- Ih, já vi que você ainda há de estranhar muita coisa aqui, filha.

Karina não estranhou esse “filha”. E nem haverá de estranhar as outras tantas milhões de vezes que assim a tia a chamar. Agora, são mãe e filha, ligadas pelo desejo mútuo de aproveitarem cada vez mais e mais todas as belezas, novidades e riquezas que existem na complexa metrópole e que, na cidadezinha do interior da Bahia, apenas tinham ouvido falar.

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