quarta-feira, 4 de junho de 2008

Por 24 horas.

Ninguém sabe como foi este dia. Não há sequer um ser vivo que se lembre dele. Ninguém para ter saudades, ninguém para querer esquecê-lo.

Neste dia, no mais especial dos dias que já existiram desde que o mundo recebeu o nome de mundo, todos dormiram.

Do vírus ao homem, dos fungos aos vegetais. Todos dormiram. 24 horas dormindo.

Ah, mas como foi silencioso este dia. Nunca houve tal silêncio, calmo, melódico.

Se uma alma acordasse, sozinha, talvez morresse de pavor. Talvez ficasse assustada. Ou, talvez, alcançaria a felicidade em segundos. Entregaria-se totalmente àquele espaço em que tudo levava a crer que estava vazio, mas, na realidade, estava lotado como sempre, com todos os mesmos zilhões de seres – conhecidos ou não – que acordaram no dia seguinte como se nada tivesse acontecido.

Neste dia, por 24 horas, ninguém trabalhou. Ninguém se estressou. Ninguém buzinou. Ninguém morreu. Ninguém matou. Ninguém foi roubado, ninguém se arrependeu, ninguém chorou, ninguém sofreu. Por 1.440 minutos, não houve maldade e nem tristeza.

Mas nada disso compensou a existência deste terrível dia, em que ninguém amou. Ninguém dançou, nem cantou. Não houveram abraços, beijos, carinhos, palavras, olhares, pulos, alegria, fascinação, nem risadas. E, o pior de tudo: ninguém comeu sobremesa.

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