segunda-feira, 2 de junho de 2008

Como saber que ele é o grande amor

Uma das maiores diversões de Fabiana era ir assistir, sempre com Marcela, a algum filme conceitual e simbolista. Do tipo cult.

As meninas eram honestas. Nenhuma nunca entendia bem o filme, e admitiam o fato. Era daí que vinha a diversão: após cada sessão, elas iam tomar um café – ou um milk shake, se uma das duas estivesse em um dia ruim – e tentavam, juntas, entendê-lo. Não era um debate sério. Nem precisava ser um grande conhecedor de cinema para participar. Estava mais para uma brincadeira, em que a conclusão final jamais representaria a verdadeira história que o diretor quis contar. Se é que quis contar alguma.

Mas as amigas não estavam preocupadas com isso, que era apenas um pretexto para que, uma vez por semana, brincassem de ser roteiristas, criando um filme ao mesmo tempo excêntrico, cômico e inteligível. A brincadeira ainda garantia que a forte amizade não acabasse com a falta de tempo que as duas recém universitárias tinham para se ver.

E foi durante um programa desses que teve início um dos grandes capítulos da vida de Fabiana. Chamava-se Como saber que ele é o grande amor, o filme que discutiam. Nunca fora tão difícil entender um filme, e, no momento, o mais importante de tudo era desvendar qualquer coisa que tivesse aparecido na tela e que pudesse ter alguma relação com o título.

- Como saber que ele é um grande amor... Que raios tem a ver as meias do cara dançarem com isso? Seria muito mais interessante se elas também cantassem – disse Fabiana soltando uma alta e gostosa risada.

Marcela, em vez de rir, olhou para uma figura que se colocava ao lado de Fabiana, com ar sério.

- É... Pois não? – disse Marcela, segurando o riso.

- Então não gostaram do meu filme? – respondeu a figura.

2 comentários:

Helena disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Helena disse...

ai, gostei desse!
mas eles tão ficando muito curtinhos, você está regulando as histórias...hehehe
beijo